terça-feira, 29 de setembro de 2015

História da Cerveja no Brasil - A chegada do Holandês


Olhando a cerveja no Brasil hoje, ninguém sabe da difícil história que ela percorreu. Ela chegou às nossas terras na época da colonização e, por conta dos interesses portugueses em vender vinho, demorou a se popularizar.
Mas passada essas primeiras dificuldades, a bebida se tornou um dos símbolos da nossa cultura.

Primeira cervejaria brasileira

Acredita-se que em 1637, o holandês Maurício de Nassau chegou ao Brasil junto com o cervejeiro Dirck Dicx. Em outubro de 1640, eles abriram a primeira fábrica de cerveja das Américas. Na residência chamada “La Fontaine”, fabricavam uma cerveja encorpada, com cevada e açúcar. Apesar desses registros tão detalhados, ainda não foram comprovados se esses acontecimentos são reais.
O que é fato é que nessa época o vinho e a cachaça eram as bebidas mais populares entre o povo. Isso porque os portugueses forçavam a venda dos seus vinhos e o comércio de importação e exportação era exclusivo com Portugal. Inclusive, em 1785, a rainha Dona Maria I assinou um alvará que proibia a existência de fábricas e manufaturas na Colônia.
 A chegada da Família Real muda o cenário no Brasil
Em 1808, quando a Família Real portuguesa desembarcou no nosso país, muita coisa mudou. Há relatos de que o rei Dom João consumia muita bebida e gostava de uma cervejinha. Logo ao chegar, ele decretou a abertura dos portos às nações amigas e revogou o alvará da rainha Dona Maira I.
Até 1814, a abertura dos portos beneficiou exclusivamente a Inglaterra, o que significava que a cerveja consumida no Brasil era de origem britânica. Os ingleses dominaram o mercado das cervejas importadas até 1870.
A partir da segunda metade do século, por influência da imigração, a preferência passou a ser pela cerveja alemã. Ela vinha em garrafas e em caixas, ao contrário das inglesas, que vinham em barris. A cerveja alemã era o oposto da inglesa: clara, límpida, conservava-se melhor e agradava mais ao paladar. Foi então que nasceu o hábito de beber cervejas em garrafas de vidro.
Curiosidade: Na segunda metade do século XIX, o apelido para se referir à bebida era “cerveja-barbante”. Isso porque, como o controle de fermentação era rudimentar, as garrafas eram lacradas com uma rolha amarrada por um barbante, para impedir que a rolha saltasse. As tampas de metais que conhecemos hoje, só foram inventadas em 1891, por William Painter.

Crescimento das cervejarias artesanais

Em 1830, iniciaram-se por imigrantes a produção artesanal da cerveja, mas ela era somente para consumo da família, não para venda. Foi somente a partir de 1835 que as famílias começaram a usar escravos e empregar trabalhadores para produzir a bebida e a vender ao comércio local.
Nesse período, surgiram muitas cervejarias sem marca alguma, que vendiam a bebida em barris para os comércios. Muitas vezes, os próprios comerciantes engarrafavam a bebida.
Curiosidade: As mulheres exerceram grande influência na história da cerveja no Brasil. A produção da bebida era tida como uma atividade da cozinha e elas produziam para o consumo familiar.
Com o gradual crescimento do consumo, a cerveja se tornou popular. Em 1836, foi publicado no “Jornal do Commercio do Rio de Janeiro” o primeiro anúncio publicitário brasileiro da bebida. O anúncio dizia: “Na Rua Matacavalos, número 90, e Rua Direita número 86, da “Cervejaria Brazileira”, vende-se cerveja, bebida acolhida favoravelmente e muito procurada. Essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo“.

Cervejarias artesanais que fizeram história

Em 1846, Georg Heinrich Ritter instala uma pequena linha de produção de cerveja na região de Nova Petrópolis – RS, criando a marca Ritter, uma das precursoras do ramo cervejeiro.
A Ritter era concorrente da Fábrica de Cerveja de Friederich Christoffel, de Porto Alegre. Em 1878, Christoffel produzia mais de um milhão de garrafas.
A década de 40 desse século foi um período de grande desenvolvimento. Conheça outras cervejarias que surgiram até 1855:
• Cervejaria Brasileira (RJ, 1836);
• Henrique Schoenbourg (SP, 1840);
• Georg Heinrich Ritter (Nova Petrópolis/RS, 1846);
• Henrique Leiden (RJ, 1848);
• Vogelin & Bager (RJ, 1848);
• João Bayer (RJ, 1849);
• Gabriel Albrecht Schmalz (Joinville/SC, 1852);
• Henrique Kremer (Petrópolis/RJ, 1854);
• Carlos Rey (Petrópolis/RJ, 1853).
Apesar das novas oportunidades, os cervejeiros encontraram desafios. A falta de cevada e lúpulo, até então importados da Alemanha e Áustria, estimularam a produção com o uso de outros cereais como arroz, milho e trigo. Outra dificuldade era alto custo da refrigeração no país tropical. Beber uma cerveja gelada era algo raro.
Referência:  Livro Larousse da Cerveja, Editora Larousse.